
Um pouco desta doença pelo próprio paciente – Mal de Alzheimer
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Compreendendo o Alzheimer: a Perspectiva de um Paciente
Sou um médico aposentado e professor de medicina, e hoje, compartilho minha experiência pessoal com o Mal de Alzheimer. Acredito que, ao conhecer minha história, outros possam encontrar esperança e compreensão.
Antes de receber meu diagnóstico, já tratava pacientes com Alzheimer e tinha um bom conhecimento sobre a doença. Surpreendentemente, demorei a perceber que eu mesmo estava sendo afetado
Comecei a notar que, durante palestras que presidia, já não conseguia lembrar os nomes dos oradores, embora reconhecesse seus rostos. No início, atribuí isso ao envelhecimento, mas com o tempo, percebi que esses lapsos estavam se intensificando.
Após passar por uma cirurgia de coração e enfrentar duas pequenas derrames, meu neurologista acreditava que meus problemas de memória eram decorrentes dos eventos anteriores. Contudo, minha condição continuava a piorar. O ponto de virada ocorreu há um ano, quando, durante uma homenagem, não consegui pronunciar uma única palavra.
Após insistência da minha esposa, consultei um médico. Ele aplicou uma série de testes de memória e, subsequentemente, pediu uma tomografia PET, que é capaz de diagnosticar a doença com uma precisão de 95%. Assim, iniciei o tratamento com Aricept, embora tenha experienciado efeitos colaterais severos, como diarreia e perda de apetite. Após alguns dias, esses efeitos se dissiparam, permitindo que eu começasse a usar Namenda, e para minha alegria, percebi uma melhora significativa.
Após dois meses de tratamento, retomei atividades que havia perdido e inicie minha jornada de descoberta sobre o Alzheimer. É fascinante saber que a medicina tem evoluído desde que Alois Alzheimer começou a identificar a doença no início do século 20.
Estudos recentes revelam que a proteína beta-amiloide se acumula nas células do cérebro e provoca a degeneração neuronal. Embora sejam necessários mais exames para a detecção, atualmente, procedimentos farmacêuticos buscam sanar esse acúmulo.
Um dos primeiros obstáculos na luta contra essa doença é a stigma que a envolve. Assim, elenco algumas dicas que aprendi ao longo do tempo e que podem beneficiar aqueles que enfrentam problemas de memória:
- Tenha sempre à mão um caderno para anotar informações importantes.
- Quando esquecer um nome, peça à pessoa que o repita e escreva-o.
- A leitura regular de livros estimula a mente.
- Atividades criativas, como desenho e pintura, ajudam na preservação da memória.
- Os exercícios físicos, como caminhadas, são fundamentais.
- Levar uma dieta balanceada, rica em peixes, frutas, legumes, e ácidos graxos ômega 3 é essencial.
Um aspecto importante que aprendi é a necessidade de manter laços sociais. Por medo da compaixão alheia, afastei-me das pessoas amadas. Entretanto, descobri que amigos e familiares não apenas aceitam, mas também desejam ajudar.
Estatísticas alarmantes mostram que entre pessoas com mais de 65 anos, 1 em cada 8 é diagnosticada com Alzheimer, e o número de casos deve dobrar até 2030 nos EUA. Consciente da gravidade da doença, comecei a me preparar para o futuro.
É crucial que, enquanto temos clareza de pensamento, organizemos documentos necessários, como testamentos e diretrizes sobre cuidados futuros. Ao evitar arrependimentos, estabelecemos um caminho de paz. Afinal, quando o momento chegar, quero conforto e cuidados paliativos.
ARTHUR RIVIN
FOI CLÍNICO-GERAL E É PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA
“Não podemos fazer muito sobre a extensão de nossa vida, mas podemos fazer muito sobre a largura e a profundidade dela.”
Se você ou alguém que você ama está vivenciando os desafios do Alzheimer, lembre-se: a informação e o apoio são suas melhores ferramentas. Para mais orientações, explore recursos sobre conjunto de cuidados e bem-estar.
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